quinta-feira, 13 de maio de 2010

O preço da gestão de pe$$oa$

Salário dos líderes de recursos humanos aumenta à média de 10% ao ano e vem se aproximando das áreas mais bem pagas nas empresas, como finanças e marketing.
Cresce ao ritmo de economia chinesa o salário de quem trabalha com a gestão de pessoas nas organizações brasileiras. Nos últimos dois anos, o reajuste médio da remuneração do executivo de RH tem sido de 10% ao ano. O percentual foi verificado em pesquisa da Hewitt, consultoria de recursos humanos, com escritório em São Paulo. A instituição realiza o levantamento desde 2002 e no ano passado ouviu 345 executivos de 126 empresas. Atualmente, um diretor de RH ganha em torno de 30 000 reais por mês. A esse montante deve ser somado o bônus anual de quatro a cinco salários. Mais benefícios de assistência médica, alimentação, seguro de vida, previdência privada e automóvel. No total, a remuneração em dinheiro alcança 470 000 reais em 12 meses.
Os aumentos consecutivos vêm na esteira da valorização de profissionais da área que deixaram para trás o perfil burocrático e passaram a influenciar decisões do presidente. Além de se tornarem parceiros estratégicos de áreas-chave, como finanças e marketing. Aliás, falando desses dois departamentos, comparando os salários, o RH tem diminuído ano a ano a distância entre os valores praticados.
Há 11 anos, a remuneração do principal executivo de RH chegava a ser 35% menor que a do número 1 de finanças. Segundo um levantamento da consultoria Mercer, de São Paulo, a pedido da VOCÊ RH, essa diferença caiu para 10% desde 2004. O mesmo ocorreu em relação ao marketing. “Há dois anos, a mediana do salário de um diretor de RH ficava de 20% a 25% abaixo da mediana do diretor de marketing”, diz Leonardo Fialho Salgado, líder de compensação executiva para a América do Sul da consultoria de recursos humanos Hay Group. “Hoje, a diferença fica entre 10% e 15%.”
É interessante notar que os salários de finanças e marketing também cresceram, portanto, não houve um achatamento que explicaria o encurtamento da distância com a remuneração do RH. O aumento foi efetivo e num ritmo maior para os recursos humanos e as perspectivas ainda são positivas. Ou seja, há espaço para o RH ganhar mais. “O que aconteceu em 2007 com os CFOs que foram disputados à tapa deve ocorrer em breve com os executivos de RH que apresentarem resultados para as empresas”, afirma Denys Monteiro, da Fesa Global Recruiters, empresa de recrutamento para alta gerência, com escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.
No ano passado, por exemplo, a Russell Reynolds Associates, uma das maiores consultorias de recrutamento de executivos no mundo, desenvolveu dez projetos de busca por profissionais de RH. Em anos anteriores, eram um ou dois em média. “A busca tem aumentado principalmente nos últimos dois anos”, diz Fátima Zorzato, country manager da Russell Reynolds no Brasil. “Primeiro, porque a área passou por uma mudança de perfil, foi do processual ao estratégico. Segundo, porque muitas empresas que tinham essa posição, como uma gerência ligada à área financeira, passaram a tê-la como uma diretoria ligada ao primeiro homem da empresa.”
SÓ DIRETORIA
Essa proliferação de cargos de diretores na área explica também os aumentos de salários. Hoje, chega a dar status para a empresa ter em seu quadro um diretor de recursos humanos. Naturalmente, isso tem um custo. “Os salários de gerente pessoal, que eram de 13 000 reais, passaram a ser de 30 000 reais num cargo de diretoria”, diz Renato Rovina, diretor da área de remuneração da Hewitt. Em algumas empresas, como Unilever, Citi, Johnson & Johnson e Multibrás, o principal executivo de RH atende pelo nome de vice-presidente. Ter esse peso no cartão de visitas significa mais custo. Para esse cargo, a Hewitt aponta 37 000 reais de salário mensal, 500 000 reais de remuneração total em dinheiro e mais 30% ou 40% desse montante em bônus. Esse valor varia de acordo com o tamanho da empresa.
Numa companhia que tem vendas anuais de 100 milhões de reais, o salário-base do diretor de RH fica em torno de 22 000 reais. Quando as vendas anuais são de 200 milhões de reais, o salário sobe para quase 30 000 reais (veja quadro Quando Tamanho É Documento). Vale lembrar, porém, que, para fazer parte desse time de peso, o profissional tem de mostrar muito resultado prático no seu currículo. As empresas estão ávidas por alguém que realmente tenha números reais (e positivos) para mostrar e que atenda pelo nome de RH. “A compra desse passe é feita por resultados. Raramente uma empresa paga caro por um profissional sem ter números comprovados”, diz Rodolfo Eschenbach, responsável pela área de human performance da consultoria Accenture. E aí, quem provar que é bom – mesmo na gerência – pode saltar para um cargo maior numa outra companhia.
As empresas que ainda não têm um RH alinhado ao negócio podem crescer os olhos para o segundo nível daquelas que já resolveram o assunto. Essa é a atual lógica do mercado. “Quem tem um segundo nível muito bom deve cuidar bem dele, antes que ele vá assumir o primeiro escalão em outra companhia”, alerta Denys Monteiro, da Fesa.
Isso não deve impactar, no entanto, no turnover dos profissionais da área. Por mais que a tendência seja de movimentação no mundo do RH, esse é um funcionário que precisa de tempo para consolidar seus resultados – e, aí sim, ser cobiçado pela concorrência. “Um bom profissional de RH não faz projetos consistentes em menos de cinco ou seis anos”, afirma Fátima, da Russell Reynolds. “Quem fica dois ou três anos muda, mas não consolida, e no fim sai sem boas histórias para contar.” Histórias essas que justificariam o tal aumento de salário e a promoção.

Fonte: http://revistavocerh.abril.com.br

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